Julinho é este que está na imagem em com o rosto em destaque.
Um dos maiores pontas-direita da história do futebol mundial, Júlio Botelho, nasceu em 29 de julho de 1929, faleceu em 10 de janeiro de 2003. E jogou na nossa, na dele Sociedade Esportiva Palmeiras. Foi vaiado mesmo antes de entrar em campo, e fez ser no Maracanã. Recusou jogar uma Copa do Mundo. Fez história… Foi esquecido.
Iniciou a carreira no Juventus da Rua Javari, mas logo se transferiu para a Portuguesa em 1951, onde formou um time lusitano histórico, com Djalma Santos, Pinga e Brandãozinho. Foi jogar em Florença, na Itália , onde foi eleito, em uma votação realizada em 1966, o maior jogador da história da Fiorentina. E em 1958, com saudades da família voltou ao Brasil pra ser o maior ponta-direita do time de coração.
Primeiramente vamos falar dele na Seleção Brasileira, disputou a Copa de 1954, marcando um dos gols mais bonitos daquela Copa, contra o México. Apesar do bom momento que vivia, nao disputou o Mundial de 1958. Injustiça? Não. Cárater. Julinho alegou que por jogar fora do país nao seria justo disputar a Copa no lugar de um que jogava no seu país de origem. Quando já defendia nossas cores, em 13 de maio de 1959, a Seleção Brasileira enfrentaria a Inglaterra no Maracanã, em um amistoso. Julinho substituiria Garrincha, acima do peso, que ficaria no banco, quando foi anunciado seu nome, 160 mil pessoas o vaiaram. Como podem vaiar algum jogador antes mesmo de entrar em campo? Como podiam vaiar Julinho? Os cariocas pareciam nao saber quem era Julinho. Tolos. As vaias viraram cinco minutos de aplausos. Primeiro fez jogada magistral no primeiro gol. Depois passou a entortar os beques ingleses. E corou a epopéia pessoal com um dos gols mais bonitos da história do Mario Filho. Em 15 minutos Julinho havia se apresentado aos cariocas. Desde de 1950, o Maracanã nao havia ovacionado mais ninguém, nao daquele jeito. Se nao tivesse tropeçado no último degrau da escada que levava ao gramado, diria que ele sequer ouviu as vaias. Fez 31 partidas com a camisa canarinho.
Agora vamos de Palmeiras, o maior imortal da nossa camisa 7 de tantas glórias,tantas histórias, shows, dribles, gols e títulos.
Chegou em 1959 pra fazer da Primeira Academia, e chegou mostrando a que veio, ser campeão, ser ídolo. Conquistou o Supercampeonato Paulista contra o Santos de Pelé, numa das mais eletrizantes finais da história do estadual. Foi fundamental logo no seu primeiro título. Fez parte do elenco que disputou o jogo histórico em que o Palmeiras vestiu a camisa da Seleçao e goleou a seleção uruguaia por 3 x 0 na inauguração do Mineirão. Dias antes desse jogo, Julinho sentiu uma contusão e pediu pra nao jogar, Filpo Nuñez preparou Germano. Chegando ao Mineirão, no vestiário, Julinho puxou Don Filpo Nuñez e disse que queria jogar, nem que fosse com uma perna só. Mesmo “com uma perna só” fez a jogada que resultou no penalti do primeiro gol palmeirense. Saiu no intervalo, já tinha cumprido seu papel.
Julinho estreou no Palmeiras, seu time de coração, num amistoso contra o São Paulo, em 26 de junho de 1958, vitória palmeirense por 4 x 3. Se despediu em 12 de fevereiro de 1967, em outro amistoso, dessa vez contra o Náutico, vitória por 1 x 0.
Atuou no time que amava em 269 partidas, venceu 163, empatou 53 e perdeu 53. Fez 81 gols.
Nos nove anos que defendeu nosso Palmeiras ganhou:
2 Campeonato Paulista em 1959 e 1963
1 Taça Brasil de 1960
1 Torneio Rio-São Paulo de 1965
Julinho era alto, forte e ao mesmo tempo rápido, dono de uma habilidade incrivel, nao tinha o biotipo comum ao de pontas, normalmente baixos, magros e de pernas curtas. Um dos maiores pontas do Mundo, o maior da nossa história, o primeiro a quem a número 7 caiu como uma luva quebrou todos os esteriótipos de um época que o baixinho, troncudo das pernas tortas era idolatrado. Nao chegou a ser um Garrincha mas ofuscou um pouco o brilho do Mané. E fez mais que isso, virou, é ídolo da Sociedade Esportiva Palmeiras, uma honra para ele, maior ainda pra nós que temos o privilégio de tê-lo na nossa história.
Na sua despedida contra o Náutico, saiu aos 32 minutos do primeiro e deu lugar ao peruano Gallardo. Na primeira bola que o peruano errou o estádio inteiro puxou em coro: “Volta Julinho!”
Após a partida contra a Inglaterra que ele foi vaiado e depois ovacionado pelos torcedores cariocas, os jornais ingleses estamparam a seguinte manchete: “O Brasil agora tem dois Garrinchas”.
Antes de entrar em campo no mesmo jogo, ouvindo as vaias no vestiário, percebendo o que estava acontecendo, Nilton Santos chegou pra ele e disse: “Vai lá e faça eles engolirem essa vaia”. Ele obedeceu.
No seu ultimo ano de Fiorentina, querendo vir embora com saudades do Brasil ganhou o apelido de “Senhor Tristeza”.
Quando estava internado na UTI em 2003, a familia de Julinho recebia ligaçoes diárias de dirigentes da Fiorentina querendo informações sobre sua saúde. Julinho faleceu de problemas cardíacos.
O locutor Geraldo José de Almeida deu o apelido de “Flecha Dourada” a Julinho.